“REI, relembro o dia 5 de janeiro de 2014 como se fosse ontem, contudo dois anos já se passaram daquele que foi talvez o dia mais triste da minha vida! A tua transferência para o paraíso custou muito a todos nós… Lágrimas molhavam o rosto de crianças, graúdos e idosos e o coração batia mais depressa embalado ao ritmo com que as pernas teimavam em tremer, não por medo ou receio, mas por sentir que acabávamos de perder mais do que um dos grandes ícones do reino encarnado, acabávamos de perder um ídolo!
REI, depois da tua partida vencemos 2 campeonatos e 4 taças, porém quando chegava a altura de erguer o troféu faltava algo… De início não conseguíamos entender de que se tratava, apenas conseguia perceber que era intrínseco a todos nós que estávamos ali no mais genuíno dos festejos! A pergunta era imperial e autêntica, “mas então o que falta?”.
A saudade rapidamente se encarregou de mostrar de onde vinha aquele vazio que o coração teimava em denunciar… A ausência dos teus efusivos festejos e a falta do teu tímido sorriso fez-se notar durante todos aqueles momentos em que o coração se enchia de orgulho e as vozes de milhões se faziam ouvir em todo o Mundo, até que olhámos para o céu e sentimos a leve brisa que passava por nós… Não foram precisas palavras, todos sentimos que eras tu que estavas presente e aí, aquela ligeira frouxidão
que outrora não era possível explicar, traduziu-se numa verdadeira sensação de reconforto!
REI, não foi fácil! Sentimos o teu dedo em tudo o que vencemos… Sentimos nos nossos jogadores aquela raça, aquele crer e aquela ambição que tão bem te caracterizava a cada entrada em campo, mas mais que tudo isso, sentimos por parte dos nossos a vontade de honrar o teu nome e aquilo que com tanto suor, dedicação e amor nos deixaste – o teu legado.
REI, lembras-te quando fomos quando fomos 11 Eusébios em campo? É claro que lembras, afinal como é possível esquecer uma homenagem daquelas? Os nossos ‘meninos’ deixaram a pele em campo e no fim a vitória sorriu para nós num Estádio onde as bancadas estavam repletas de saudade e raiva por te ver partir tão cedo! Neste momentos vejo-me obrigado a concordar com Fernando Pessoa que dizia que as boas pessoas, Deus quer tê-las perto… É claro que nós também preferíamos manter-te connosco até à eternidade, mas infelizmente a tua hora chegou e nada pudemos fazer para contrariar isso! Recordo que nesse dia chovia intensamente, foram as lágrimas de Deus? Acredito que sim…
Obrigado pelo que tens feito por nós aí em cima! Continua a olhar por nós, porque jamais te esqueceremos! Tu és o nosso REI EUSÉBIO!”
Por Alexandre Valério
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